"A Dança é o meu S.U.R.F"

Rafael Mesquita é um jovem de vinte anos, natural de Vila Nova de Famalicão. Rafael já viveu na Bélgica e na Alemanha, mas, atualmente, encontra-se na cidade da Póvoa de Varzim. Em conjunto com o seu irmão, o jovem criou um projeto de customização e limpeza de calçado de nome Quasinovi. Para além de ser auxiliar técnico de fisioterapia e reabilitação física desportiva, Rafael faz parte dos RP Dancers e é professor de Dança.
Rafael Mesquita é amante
de artes marciais, mais concretamente, a capoeira. Adora as áreas da música, da
saúde e reabilitação, e da representação, nomeadamente, o Teatro. É com a sua
vinda para a Póvoa de Varzim, e com o término do secundário que a Dança ganha
um papel importante na sua vida. "Foi no ano letivo de 2013/2014 que me
introduzi no mundo da Dança. Iniciei no Desporto Escolar na Escola Secundária
Rocha Peixoto", conta-nos.

Os RP Dancers encontram-se introduzidos no projeto educativo da escola. Trata-se de uma oferta extracurricular e está à disposição de todos os estudantes, assim como de toda a comunidade. Com o grupo, o jovem teve oportunidade de arrecadar três medalhas de ouro no Campeonato Nacional.
Do Desporto Escolar, Rafael passou para a alta competição fora dos palcos escolares, mas sempre envolvido com a Associação RP Dancers. "Felizmente sou um RP Dancer. Pude conhecer pessoas como o professor Jorge Pereira, o Renato Garcia, o Vitor Duque e a Mariana Costa. São, sem dúvida, o exemplo que qualquer pessoa que faça parte da associação siga. Agradeço-lhes por tudo e é um orgulho poder chamá-los de amigos".
Rafael vai adquirindo formação através de workshops, masterclasses e formação diária dada pelos melhores a nível nacional. "Dentro do Hip Hop existem vários estilos, e é aí que entram as aulas em grupo. Cada aula que faço com um professor/coreógrafo diferente é para conseguir evoluir em cada estilo e poder passar o que aprendi aos meus alunos", diz-nos.
Em conjunto com a
comitiva portuguesa, o jovem representou Portugal no campeonato do mundo de Hip
Hop, na categoria de MegaCrew. O evento, o Hip Hop International, realizou-se
em Phonexi, nos Estados Unidos da América, no ano de 2018.

"Com o trabalho vem a recompensa, e, sem dúvida, que ter oportunidade de visitar locais a nível nacional é extraordinário. Fazer o que se gosta e representar o nosso país no outro lado do mundo é bastante gratificante".
Rafael confessa como um dos grandes motivos de entrar na dança a sua admiração incondicional por Michael Jackson. Inspira-se e segue como exemplo os portugueses Vitor Fontes e Renato Garcia, e o estrangeiro Keone Madrid. Renato Garcia é "uma pessoa que valorizo mesmo muito. Tenho o privilégio de trabalhar com ele em inúmeros projetos. Acima de tudo respeito-o e admiro muito a sua pessoa!"
Apesar da distância
física existente entre si e os seus pais, os mesmos não se preservam de manter
diariamente contacto e de estarem presentes em campeonatos para apoiar o filho.
"Sem dúvida que levo como exemplo para tudo os meus pais. Desde o seu
esforço e espírito de sacrifício ao humor e amor", assume.

Atualmente, é professor de dança. Há cerca de cinco meses, recebeu uma proposta para treinar e ajudar, coreograficamente, um grupo de danças de salão, o Apolo Famalicão. Foi aí que surgiu a oportunidade de começar a competir a nível nacional, em danças de salão com o seu par atual, Inês Pereira.
O jovem terminou o curso de auxiliar técnico de fisioterapia e reabilitação física desportiva, estando agora a complementar a sua formação de técnico de especialização ao exercício físico, no grupo Promofitness.
O seu objetivo futuro é poder viver, em simultâneo, da dança e da sua formação na área da reabilitação física e exercício físico. "Conseguir abrir um estúdio onde seria avaliado o atleta e seria prescrito um treino de alto rendimento", diz-nos.
"Eu gostava de ter nascido uns anos mais cedo só para ver o crescimento e a grande mudança no mundo da Dança em Portugal. Tenho noção que quando entrei neste mundo, as coisas já estavam mais ou menos equilibradas e já existiam mais meios de aprendizagem. Antigamente, se querias dançar ou juntavas um grupo de pessoas na rua, dançavam consoante aquilo que sabiam fazer. Gastavas uma fortuna para teres apenas uma ou duas aulas por semana numa cidade que poderia estar a mais de 100 km da tua", expõe.

Comparando com a
situação atual, para o jovem, a dança evoluiu positivamente, mas ainda tem
muito a fazer para conseguir alcançar, por exemplo, os Estados Unidos e a
Inglaterra no que consta à formação e à vida profissional na área da dança.
"Eu poderia tentar descrever a dança numa palavra, mas seria incompleto. Existem quatro palavras que significam muito para mim e retratam a dança na minha vida, a Sabedoria, a União, o Respeito e a Felicidade. Como eu gosto de dizer, a dança é o meu S.U.R.F.", conta.
Para Rafael a dança é um estilo de vida. Quando dança, ensina dança ou apenas fala de dança, o jovem transborda paixão. Ama a mobilidade, a música, a expressão, o ritmo e tudo que a dança transmite, "é uma imensidão de sentimentos que transbordam e se transformam em movimento!",
Rafael assume-se como um "turbilhão de emoções", gosta de várias coisas e tem muitos sonhos. Sonha viver da dança em Portugal, "sem pensar que o que está lá fora é melhor! Quero exatamente o contrário. Pretendo que os de fora digam "Portugal? É só o melhor local para dançar. Onde tem os melhores profissionais!".