Duas gerações partilham o amor pela Dança

22-01-2020

Joana e Jasmim, detentoras de um grande talento, transmitem uma cumplicidade que é bastante visível. Mãe e filha partilham a mesma paixão e fazem dela o seu modo de vida.

Joana e Jasmim por Viviana Fangueiro
Joana e Jasmim por Viviana Fangueiro


Joana Correia, 41 anos, nasceu na Póvoa de Varzim. Formada em Dança e Design de Moda, atualmente é professora de dança. Caracteriza-se como sendo extremamente objetiva e muito prática.


VF: Quando foi o seu primeiro contacto com a dança e quando começou a fazê-lo profissionalmente?

Joana: "Comecei a dançar com 6 anos de idade numa escola na Póvoa de Varzim, não só pelo gosto, mas também para corrigir joelhos valgos (joelhos para dentro). A professora era francesa e só haviam duas escolas na altura. Mais tarde, após o ensino secundário, já com cerca de 18 anos quis seguir dança, mas como os meus pais eram completamente contra eu ser bailarina, acabei por seguir Design de Moda. Passei por várias áreas, mas sempre com o foco da dança. Só aos 30 anos, já capaz de financiar o curso para poder dar aulas, principalmente, é que me formei em Dança".

VF: No início, enquanto professora e bailarina, quais foram as principais dificuldades?

Joana: "Não tive grandes dificuldades porque a evolução de bailarina a professora foi acontecendo naturalmente. Talvez a maior dificuldade foi ter conseguido chegar a determinados locais e a certos públicos, devido à sua localização e a custos monetários. Mas com o tempo a situação resolveu-se".

VF: Quem é a sua principal inspiração?

Joana: "É óbvio que as pessoas, as vivências e as experiências me influenciam, mas a minha principal inspiração é a música".

VF: Quais os projetos em que atualmente está envolvida, quais os que já concretizou e quais os que tem reservados para o futuro?

Joana: "Já fiz muitos projetos. Participei no Musical Peter Pan, já fiz a abertura de várias inaugurações de shoppings e já dancei com algumas caras conhecidas da televisão e da moda no Dance Fashion. Neste momento, estou a dar aulas. Temos as nossas academias Dance Republic, que estão espalhadas pelas freguesias de Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Foi o que sempre quis, poder dar aulas, não invalidando o facto de fazer alguns trabalhos como bailarina. Futuramente, faremos as chegadas do Pai Natal em vários centros comerciais".

VF: Alguma vez pensou em parar de dançar?

Joana: "Sim, sendo sincera, já pensei fazê-lo. Sempre o quis fazer num momento da minha vida em que estivesse capaz e não quando fosse mais velha. Sempre quis terminar a minha carreira no auge, mas ainda não está, de todo, na hora de o fazer. Não consigo mesmo".

VF: Qual a principal mensagem que quer transmitir com o seu trabalho?

Joana: "Eu gosto muito de ensinar. É, sem dúvida, a parte que mais me dá prazer naquilo que faço. Muito mais do que dançar, quero formar, futuramente, boas pessoas. Pessoas que saibam trabalhar em grupo, que saibam estar e que sejam felizes naquilo que fazem, que se entregam".

VF: O que significa para si, ter a sua filha consigo, e poder partilhar o seu mundo com ela?

Joana: "Por incrível que pareça, não foi nada imposto. Talvez ela tenha seguido esta área pelo exemplo que tinha em casa. Sinceramente, não era algo que sonhasse, mas desejo que ela seja bem melhor do que eu e que tenha as oportunidades que eu não tive. Hoje em dia, o mundo está mais aberto, o que torna mais fácil. Tenho a certeza que ela as vai ter e fico muito orgulhosa dela, sem dúvida".

Jasmim Correia, 16 anos, nasceu na Póvoa de Varzim. Gosta de cantar, representar e adora dançar. Atualmente, estuda no Balleteatro, no Porto. Caracteriza-se como uma pessoa dedicada, focada e com objetivos muito bem definidos "Luto mesmo até alcançar o que quero".

VF: Como entraste no mundo da dança? A tau mãe influenciou-te, ou foi apenas por vontade própria?

Jasmim: "Eu comecei a dançar com 3 anos de idade, talvez por influência da minha mãe. Quando ela ainda era coreógrafa, deixou-me experimentar. Desde cedo, foi muito gratificante para mim ela partilhar a grande paixão da vida dela comigo".

VF: Como surgiu o balleteatro na tua vida? Quando tomas essa decisão?

Jasmim: "Ao início, a dança era apenas um passatempo para me ocupar e para estar mais vezes com a minha mãe. Até que deixou de o ser, e isto aconteceu quando eu senti que todos os movimentos, todos aqueles passos, toda aquela arte, já estava em mim. Era aquilo que queria mais do que tudo. Não foi preciso chegar ao 9ºano para o decidir. Aos 11 anos já tinha uma ideia fixa. Após o secundário, inscrevi-me nas audições do Balleteatro. Eu já conhecia a escola e foi sempre a minha primeira opção. Fiz as audições e tive a oportunidade de entrar. Até hoje, sinto orgulho e tenho o mesmo brilho nos olhos que tinha naquele dia".

VF: Quais os estilos que mais gostas de dançar?

Jasmim: "Eu danço, um pouco, todos os estilos porque acho que um bom bailarino tem que ser versátil. Danço danças urbanas, contemporâneo, jazz e ballet clássico. Mas sem dúvida, que o meu favorito é o ballet. É o estilo que mais me identifico, por ser tão bonito de se ver e muito rígido. Gosto muito da ideia da bailarina clássica".

VF: Onde te vês nos próximos 10 anos?

Jasmim: "Daqui a 10 anos, adorava tirar teatro musical, juntando assim, duas das minhas grandes paixões, a Dança e o Teatro. Vejo-me a dançar, independentemente do local, de como o irei fazer ou com quem".

VF: Diz uma frase que te marcou até hoje. Uma que defina aquilo que sentes quando danças.

Jasmim: "A frase que mais me marcou, até hoje, foi a minha mãe que a disse "O que eu mais quero, é que um dia sejas melhor do que eu". Foi uma frase tão motivadora, que me mostrou que ela tem orgulho que eu siga os mesmos passos que ela. Quando danço, a melhor frase para me definir é "Esta sou eu. Fecho os olhos e encontro-me, somente eu, num espaço onde só me conheço a mim e me expresso. Sem dúvida, que aquele corpo frágil, cheio de arte, sou eu no meu estado mais real".

VF: Descreve por palavras tuas, o que significa para ti, teres a tua mãe contigo e poderes partilhar momentos deste mundo, a Dança, com ela.

Jasmim: "Para mim, ter a minha mãe comigo neste percurso, torna tudo mais fácil, mas por vezes, muito difícil. O que eu quero dizer com isto é que, como ela é coreógrafa, eu tenho muito conhecimento e muita técnica e estando a estudar Dança, ela exige muito de mim, o que me obriga a ter uma luta diária com a superação. Cada dia tem que ser melhor do que o outro, e ela faz com que todos esses momentos sejam desafiantes. Ainda tenho muito para aprender com ela, e sim, a melhor sensação é a partilha uma com a outra, de algo que tanto gostámos".



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